"A depressão é um assunto que está muito na moda, mas que não deixa por isso de ser fascinante. Comecei este romance-ensaio assim, com uma descrição deste estado. Desde então encontrei quinze casos semelhantes, e só escapei a uma depressão graças a esta estranha mania de alinhar palavras umas a seguir às outras, palavras que começavam a brotar em flores aos meus olhos e em ecos dentro da cabeça. E sempre que encontrava uma vítima da depressão, essa catástrofe - porque não se pode brincar com este assunto, nem falar de ociosidade ou de desleixo -, enternecia-me. Aliás, pensando bem, porque escrevemos senão para explicar aos «outros» que podem escapar a essa doença, ou, pelo menos, curar-se? A absurda e ingénua razão de ser de qualquer texto, romance, ensaio ou mesmo tese, é sempre esta mão estendida, este desejo incontido de provar estupidamente que há qualquer coisa a provar. É esta maneira cómica de querer demonstrar que há forças, correntes de força, correntes de fraqueza, mas que tudo isso é relativamente inofensivo na medida em que é formulável."
in Viver não Custa / Des Bleus À L'Âme (1972) - Françoise Sagan
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