NATUREZA-MORTA

A natureza-morta é um género das artes plásticas que se define pela representação de objectos inanimados. Ao longo da história da pintura, foram surgindo vários tipos de natureza-morta segundo os objectos escolhidos, que são tão variados como troféus de caça, jarras de flores, objectos domésticos, mesas de pequeno-almoço, etc. Um dos subgéneros mais importantes da natureza morta é a Vanitas, que se define pela temática relacionada com a mortalidade, integrando objectos como caveiras, relógios e fruta podre.

As primeiras naturezas-mortas conhecidas remontam à Grécia antiga, em que vários objectos e alimentos eram pintados no interior de túmulos para serem usados na vida após a morte. Nos séculos que se seguiram, pode dizer-se que a natureza-morta enquanto género independente não existiu e a representação de objectos inseria-se sempre num contexto religioso. Foi na pintura do século XVI que este tipo de pintura começou a ganhar uma grande importância e popularidade. O interesse que se verificou na época pelo mundo natural e pela investigação científica fez com que os objectos naturais começassem a ser apreciados pelo seu valor estético, independentemente de simbolismos religiosos. Apesar da popularidade e desenvolvimento da natureza-morta neste período, continuou a ser, no entanto, considerado um género menor, sendo que os temas mais valorizados eram as cenas históricas, mitológicas ou religiosas.

A partir do final do século XIX, com o surgimento do impressionismo e a mudança de paradigma que marcou a viragem para o século XX, o tema retratado passou a ter menos importância do que a forma como o artista escolhe retratá-lo. Neste contexto, a natureza morta ganhou uma nova vitalidade enquanto veículo ideal para experiências com a cor, a forma, a luz, a composição, a perspectiva etc.




“A Perspectiva das Coisas – A Natureza-Morta na Europa”

É neste período histórico que incide a exposição “A Perspectiva das Coisas”, patente na Fundação Gulbenkian, até 8 de Janeiro de 2012, apresentando uma selecção de quadros que inclui obras de alguns dos artistas mais importantes das vanguardas do final do século XIX e primeira metade do século XX, como Cézanne, Van Gogh, Picasso, Dali, Matisse, Magritte, etc. Esta exposição propõe, através do género da natureza-morta, uma viagem pelas explorações empreendidas pelos artistas vanguardistas que, à medida que as primeiras décadas do século XX avançavam, corriam numa direcção cada vez menos figurativa, incentivando a reflexão acerca do lugar e da natureza da representação das coisas na arte do século XX.

Um dos factores mais importantes para a libertação da pintura do seu dever de se aproximar o mais possível da realidade física e para a mudança de paradigma daí resultante, foi o aparecimento das técnicas de reprodução mecânica do real, a fotografia e o cinema. “A Perspectiva das Coisas” reserva, então, um espaço para estas duas artes, apresentando algumas fotografias de naturezas-mortas, bem como três curtas-metragens modernistas que assentam na utilização de técnicas cinematográficas para dar vida a objectos inanimados.

As obras presentes na exposição vão até meados da década de 50 do século XX, altura da morte de Calouste Gulbenkian e as obras não estão organizadas no espaço cronologicamente, mas sim por temas “que exploram a diversidade da representação das «coisas»”. 


Cesto de Limões e Garrafa (1888) - Vincent Van Gogh

Natureza-Morta com Pedaço de Carne Crua (1926/27) - Chaim Soutine

Natureza-Morta com Pote de Gengibre (1893/94) - Paul Cézanne

Natureza-Morta, Ramo de Dálias e Livro Branco (1923) - Henri Matisse

O Retrato (1935) - René Magritte

Ramo de Girassóis (1881) - Claude Monet

Tabuleiro de Chadrez, Copo e Prato (1917) - Juan Gris



Still life is a genre of the visual arts that is defined by the representation of inanimate objects. Throughout the history of painting, have mushroomed a variety of types of still life types, according to the chosen objects, who are as varied as hunting trophies, vases of flowers, household items, breakfast tables, etc.. One of the most important sub-genres of still life is the Vanitas, which is defined by the theme of mortality, integrating objects such as skulls, clocks and rotten fruits.The first still lifes known date back to ancient Greece, where several objects and food were painted inside tombs for use in the afterlife. In the centuries that followed, it can be said that the still-life did not exist as an independent genre and the representation of objects was always inserted in a religious context. It was in the sixteenth century that this type of painting began to gain a great importance and popularity. The interest tof the time for the natural world and scientific research has made natural objects began to be appreciated for their aesthetic value, regardless of religious symbolism.Despite the popularity and development of still life in this period, it continued to be, however, considered a lesser genre. The themes  most valued at the time were historical, mythological or religious scenes.From the late nineteenth century, with the emergence of Impressionism and the paradigm shift that marked the turn of the twentieth century, the portrayed topic tends to be less important than the way the artist chooses to portray it. In this context, the still life has gained a new vitality as an ideal vehicle for experimenting with color, form, light, composition, perspective and so on.

"The Presence of Things -  Still Life in Europe"
It is in this historic period  that the exhibition "The Presence of Things', evident in the Gulbenkian Foundation, until January 8, 2012, is focused. Featuring a selection of paintings that includes works by some of the most important artists of the avant-garde of the late nineteenth and the first half of the twentieth century, such as Cezanne, Van Gogh, Picasso, Dali, Matisse, Magritte, etc.. This exhibition proposes, through the genre of still life, a journey through the explorations undertaken by the avant-garde artists who, as the first decades of the twentieth century progressed, ran towards less figurative experiences, encouraging reflection about the place and nature of the representation of things in the art of the twentieth century.
One of the most important factors for the release of the painting of their duty to come as close as possible of the physical reality and the resulting paradigm shift was the emergence of techniques of mechanical reproduction of reality, photography and film. "The Presence of Things' has a space for these two arts, with some photographs of still lifes, as well as three short films based on the modernist use of cinematic techniques to give life to inanimate objects.The works in the exhibition go to the mid-50s of the twentieth century, when the death of Calouste Gulbenkian and the works are not chronologically organized but by themes "that explore the diversity of representation of 'things'."

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